Crochet Mosaico Sobreposto 101 | Carreiras com o Método Contínuo
Passo-a-passo para fazer carreiras com o Método Contínuo
O que é o Método Contínuo
Este método, desenvolvido tanto quanto sei pela Susan Lowman, “The Crochet Architect”, é uma forma de resolver o grande senão do crochet mosaico sobreposto em carreiras, que é o de ter de se cortar o fio no final de cada carreira. O nome original dado pela autora é Continuous Overlay Mosaic, ou COM.
Podes ver aqui o vídeo da Susan Lowman a demonstrar o método. No seu canal, The Crochet Architect, encontras bastantes tutoriais muito úteis sobre diversas técnicas de crochet.
O método mais tradicional tem as suas aplicações (se quisermos ter uma franja, por exemplo), mas não ter de cortar o fio abre todo um leque de possibilidades de criação com a técnica, torna o processo mais fluido e o resultado final mais limpo.
Outra vantagem é desperdiçar menos fio (se nos enganarmos e tivermos de desfazer o trabalho, ou se estivermos a desenvolver um novo projecto e quisermos voltar atrás para fazer alterações). Por outro lado, também pode consumir mais fio por ter de se levar o fio do final de uma carreira até ao início, a toda a largura do trabalho.
Para mim, as vantagens compensam e muito as desvantagens, mas cada método tem a sua utilidade.
Notas prévias
Comecei a usar o método contínuo depois de o aprender com o vídeo da Susan Lowman. Com a prática e algumas experiências, fiz algumas alterações à versão original. Estas alterações funcionam melhor para mim e para o tipo de padrões e projectos que costumo fazer, mas podes ver também os seus vídeos e escolheres como preferes fazê-lo.
Para perceberes melhor quais são essas diferenças (que podes adoptar apenas em parte, conforme prefiras), elas são:
Ponto alto ancorado: faço uma versão simplificada, com menos movimentos e menos consumo de fio, que tornam o ponto menos volumoso do que a forma original.
A forma como prendo o fio e faço o primeiro ponto no início de cada carreira é também um pouco diferente.
O primeiro e o último ponto da carreira: os meus esquemas podem pedir pontos altos em vez de serem sempre pontos baixos, como no exemplo dado pela Susan Lowman no vídeo que partilho acima.
Remate de cada carreira: depois de rematar uma carreira, passo o novelo que acabei de usar pela argola formada pelo fio da carreira anterior, antes de o puxar para terminar a carreira e começar uma nova (já vais perceber o que quero dizer!).
Elementos do Método Contínuo
No início, pode parecer difícil, mas é até bastante simples. Só precisas de manter presentes os vários passos e, depois de algum tempo a praticar, vais ver que rapidamente te habituas aos movimentos e até usufruis do processo.
O que precisas de saber e ter em atenção:
forma de rematar cada carreira e fazer a transição para a carreira seguinte;
forma de começar cada carreira;
os pontos baixos são sempre o que chamo de pontos baixos mosaico (i.e., sempre na alça de trás dos pontos da carreira anterior); por defeito, isto é válido para todos os meus projectos em crochet mosaico sobreposto (excepto se disser expressamente para fazer doutra forma);
os pontos altos mosaico são sempre ancorados (i.e., ancorados na alça de trás dos pontos da carreira anterior, e feitos na alça da frente dos pontos duas carreiras abaixo); podes fazer a versão simplificada ou não; por defeito, faço sempre pontos ancorados e simplificados, mesmo se o projecto for em voltas.
Vamos ver agora todos estes elementos passo-a-passo.
(Podes acelerar ou abrandar os vídeos conforme precises, carregando nos 3 pontinhos verticais no canto inferior direito para controlar a velocidade.)
Tutoriais em vídeo e passo-a-passo
Rematar a primeira carreira
Este remate é a primeira coisa a fazer depois de terminado o último ponto de uma carreira, e faz-se em todas as carreiras.
Feito o último ponto, tira a agulha da argola e alarga a argola o suficiente para passar o novelo que estás a usar.
Passa o novelo pela argola, de baixo para cima, e aperta bem.
Na primeira carreira, depois de apertares, é só passares o fio do novelo que acabaste de usar até ao início da carreira, deixando-o folgado* à esquerda, e começar uma nova.
Notas:
A partir da segunda carreira, tens outros passos antes de levares o fio até ao início da carreira. Vais passar a ter uma argola à esquerda formada pelo fio que se escondeu, e que tens de puxar para ajustar à largura do tecido.
*Em caso de dúvida, é melhor deixares folga a mais do que a menos, porque a argola lassa à esquerda vai ficando mais pequena à medida que fazes os pontos da carreira seguinte.
Começar uma nova carreira
No início de cada carreira, prendemos primeiro o fio da nova cor, no primeiro ponto, puxando uma laçada pela alça de trás e fazendo uma corrente, com o cuidado de prender o fio da carreira anterior. Este passo é igual no início de todas as carreiras.
Depois, fazemos um ponto baixo mosaico exactamente no mesmo sítio.
A partir da terceira carreira, o esquema pode pedir para se fazer um ponto alto mosaico ancorado. Neste caso, o ponto alto é ancorado na alça de trás do primeiro ponto (mesmo sítio onde se prendeu o fio antes), e feito na alça da frente do primeiro ponto duas carreiras abaixo.
Fazemos pontos baixos mosaico (na alça de trás) até ao final da carreira, sempre à volta do fio da carreira anterior para ficar escondido a toda a largura.
É fácil confundir o último ponto com o nó do remate feito na carreira anterior: atenção para não fazeres um ponto a mais.
Alça de trás do último ponto da carreira anterior, onde fazer um ponto baixo mosaico ou ancorar um ponto alto mosaico ancorado.
Nó do remate da carreira anterior: não fazer nenhum ponto aqui!
Notas:
Muita atenção para esconderes o fio da carreira anterior logo desde o princípio da nova carreira e até ao final.
No vídeo, podes ver que aproveitei para também prender a ponta do fio da nova carreira com os primeiros pontos. Podes fazer o mesmo ou não.
Rematar a segunda carreira e as seguintes
A partir da segunda carreira, temos uma argola lassa à esquerda do tecido, do fio da carreira anterior, e que fomos escondendo ao longo da actual. Isto quer dizer que, antes de começarmos a nova carreira com esse fio, temos de o puxar para essa argola não ficar pendurada à esquerda do tecido.
É nesta fase que adicionei um passo extra opcional. Eu passei a fazer sempre assim porque gosto mais de como fica a lateral, mais perpendicular às carreiras, e com uma tensão mais uniforme ao longo da largura toda.
Depois de feito o último ponto, alargas a argola da agulha o suficiente para passar o novelo de baixo para cima, e apertas.
Agora, passas o mesmo novelo de cima para baixo pela argola que ficou lassa da carreira anterior.
Puxa o fio da carreira anterior (à tua direita) um pouco de cada vez, endireitando o tecido à medida que a argola da carreira anterior vai ficando mais pequena, até esta ficar justa e praticamente invisível.
Ajeita e estica o trabalho de forma a que os pontos não fiquem repuxados e a carreira que acabaste de fazer fique com a mesma largura que o resto do trabalho.
Ponto alto mosaico ancorado (pama) simplificado
Regra geral, só começamos a fazer pontos altos mosaico a partir da terceira carreira ou volta.
Isto é válido para qualquer esquema em crochet mosaico sobreposto, seja feito em carreiras ou em voltas, porque:
só a partir da terceira carreira/volta é que temos uma com pontos baixos de cor diferente (a segunda carreira/volta ou as pares), e que vamos poder cobrir ou deixar à vista com o ponto alto,
e uma com pontos baixos da mesma cor (a primeira carreira/volta ou as ímpares), e que vamos ligar um ponto alto para criar uma continuidade de cor.
Passar a agulha pela alça de trás e puxar uma laçada (é o que vai ancorar o ponto e serve também como a primeira laçada do ponto alto).
Passar a agulha pela alça da frente do ponto duas carreiras abaixo, e puxar mais uma laçada o suficiente para ficar praticamente à altura da carreira que estás a fazer.
Dar uma laçada e passar o fio pelas duas primeiras argolas da agulha.
Dar mais uma laçada e passar o fio pelas duas argolas que ficaram na agulha.
Nota: as duas grandes diferenças entre a versão simplificada e a clássica é que, na simplificada, não se dá uma laçada na agulha logo a seguir a ancorar-se o ponto, e, assim, no último passo, temos duas e não três argolas na agulha.
A não esquecer
No final de todas as carreiras, rematas o último ponto passando o novelo pela argola da agulha de baixo para cima.
Opcional: a partir da segunda carreira, além deste remate, passas o mesmo novelo de cima para baixo pela argola lassa que ficou à esquerda do tecido, feita com o fio da carreira anterior.
Antes de começares uma nova carreira, puxas o fio que vais usar, e que escondeste ao longo da carreira anterior, até a argola lassa à esquerda ficar justa ao trabalho (ajeita o tecido para ficar com a largura tão homogénea quanto possível).
Depois de rematada e terminada cada carreira, levas o fio dessa carreira até ao início do trabalho, deixando uma folga à esquerda do tecido.
Para começares uma nova carreira, puxas uma laçada pela alça de trás do primeiro ponto, e fazes uma corrente, prendendo o fio da carreira anterior desde logo; depois fazes o primeiro ponto (baixo ou alto) exactamente no mesmo sítio.
Os pontos baixos são sempre pontos baixos mosaico (pbm), ou seja, sempre feitos na alça de trás.
Os pontos altos são sempre pontos altos mosaico ancorados (pama), ou seja, começas sempre por puxar uma laçada pela alça de trás da carreira anterior (de cor diferente) para o ancorares, e fazes o ponto na alça da frente do ponto duas carreiras abaixo.
Projectos com o Método Contínuo
O Método Contínuo abre todo um leque de possibilidades para criar com a técnica do crochet mosaico sobreposto em carreiras. Só para teres uma ideia, aqui tens algumas das peças que tenho feito com este método. E não… Não tenho as receitas escritas para todos. Aliás… para quase nenhuns! Mas lá chegarei.
E aqui tens dois projectos já publicados para poderes começar a aplicar o que (espero eu) aprendeste aqui.
PS: Estou a actualizar as instruções d’Aquela Azul com Sashiko e das Pegas para incluir as alterações que fiz ao método contínuo, mas podes aplicar a versão mais recente do método baseando-te nos tutoriais que aqui partilhei; a única diferença tem de ver com o tal passo extra que passei a incluir depois do remate de cada carreira.
Podes adquirir a receita da mala aqui, e descarregar gratuitamente o esquema das pegas no link acima ou adquiri-lo por um valor à tua escolha aqui.
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